terça-feira, 18 de agosto de 2009

Cultura cacaueira será implantada em Novo Progresso

Ainda este ano, cerca de 500 mil reais serão investidos em Novo Progresso e em Castelo de Sonhos, na implantação de dois escritórios da CEPLAC para incentivar o cultivo do cacau.

A pedido de Agamenon Meneses, presidente do SIPRUNP (Sindicato dos Produtores Rurais de Novo Progresso), o deputado federal Zequinha Marinho conseguiu junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e do Abastecimento e à diretoria da CEPLAC a aprovação de implantar dois escritórios. Disponibilizando ainda, verba de gabinete no valor de 500 mil reais para a implantação da CEPLAC em nossa região, uma unidade para atender Novo Progresso, a outra em Castelo de Sonhos. 300 mil reais serão destinados à construção dos prédios, o restante será usado para a implantação e para compra de viaturas.

Ao receber solicitação, a prefeita de Novo Progresso, Madalena Hoffmann, prontamente se dispôs a contribuir naquilo que for necessário e possível, imediatamente garantiu a doação de um terreno para a construção do escritório em nossa cidade, a prefeita de Altamira, Zileida Sampaio, também se comprometeu a colaborar no mesmo sentido em relação a Castelo de Sonhos. Até que se realizem as construções, as duas prefeituras poderão alugar prédios para a imediata implantação da CEPLAC.

Agamenon disse que é extremamente necessário que antes do fim do ano, sejam implantados os escritórios, para a providência dos projetos e dos estudos de solo, e, se preparar para a próxima safra que vai de abril a junho e deixar tudo pronto para a produção de mudas para a safra 2010/2011. ...”provavelmente, os dois escritórios serão subordinados ao escritório central em Alta Floresta - MT devido à distância e à logística existente”.

O sindicalista ressaltou que, a Secretaria Municipal de Agricultura, através do secretário Edson Santarém, a EMATER, através do coordenador Marcelo e o SIPRUNP, já vinham desenvolvendo um trabalho neste sentido, mas, somente com a implantação da CEPLAC, será possível fomentar através de financiamentos a implantação dessa atividade econômica, e, que a participação da prefeitura é de extrema importância para dar agilidade ao processo. “... quanto à logística, estradas vicinais, apoio às associações e sindicatos, a prefeita Madalena tem feito prontamente”. Concluindo com a palavra de ordem. “Agora vai”.

Tribuna do Povo/Manolo Garcia

Entrevista: "O Ibama não está intimidado diante das ameaças locais", afirma coordenador da operação Boi Pirata 2


17/08/2009
Local: São Paulo - SP
Fonte: Amazonia.org.br Link: http://www.amazonia.org.br/
Flávio Bonanome

Criada com o objetivo de apreender e autuar a criação ilegal de gado dentro da Floresta Nacional (Flona) de Jamanxim (PA), a Operação Boi Pirata 2, deflagrada pelo Ibama, tornou-se o centro das atenções da região Amazônica no começo deste mês, quando o coordenador da operação, Leslie Tavares, foi preso por ordem da justiça estadual. A acusação foi o descumprimento de uma liminar estadual, que já havia sido derrubada pelo Tribunal Regional Federal, que suspendia a operação.A possibilidade de o poder público estadual ter atropelado o federal para impedir a continuidade da operação a qualquer custo, mostra o jogo de poder e as pressões locais no advento de operações com esta. "Conflito é uma coisa que o Ibama vive diariamente, pois a questão ambiental é sempre um conflito entre interesse econômico e desenvolvimento sustentável", explica Tavares.Tornou-se comum no dia-a-dia de um fiscal ambiental dentro da Amazônia conviver com manifestações populares, violência e depredação por parte de populares que apoiam as ilegalidades dos detentores de posses na região. "É existe uma atmosfera ruim de trabalho em função desta possibilidade sempre constante de conflito", explica o agente.Já livre e dando continuidade a operação, Leslie Tavares, em entrevista exclusiva ao site Amazonia.org.br, comenta as pressões sofridas pelo poder público de Novo Progresso, as ameaças aos denunciantes que querem colaborar com as operações e sobre a tese de já estar enraizado na cultura das pessoas uma inimizade com o Ibama.
Amazônia.org.br - Existe uma pressão dos governos e do poder local contrários a esta operação?
Leslie Tavares - Sim, percebemos isto em vários momentos, mesmo na mobilização de parlamentares que representam a região. Temos percebido alguns pronunciamentos na câmara dos deputados e no senado com relação a alguns fatos sobre nós que não são verdadeiros. Aqui na região tem muitos boatos, tem se atribuído várias ações ao Ibama aonde sequer estivemos na área. Falam de violência e truculência, que é algo que não estamos fazendo. Existe sempre tentativa de tumulto popular. Temos recebido notícia de datas de manifestações e tentativas de depredação do patrimônio público. Já passamos por cinco momentos assim, em que houve confirmação de que tais atos iriam acontecer, e só não houve devido ao número de pessoas que estão trabalhando aqui, a tropa de choque e a polícia militar, que dissuadiram as pessoas de continuarem.O motivo que causa esta pressão é o fato de nossa atuação ser específica. A nossa fiscalização mais pesada, que tem atingido o poder econômico, é dentro da Flona [Floresta Nacional]. O que nós temos feitos é atingir justamente uma parte do poder econômico aqui da região. Isto a gente teve noção quando estávamos trabalhando em campo, até pela lógica, porque quem tem uma certa segurança de impunidade impulsiona o desmatamento.

Amazônia.org.br -Existe uma questão cultural de enfrentamento cotra o Ibama nestas populações amazônicas?
Tavares - Com certeza, pois agente tem efetivamente trabalhado muito pontualmente, uma ação muito forte, mas pontual. Não estamos atingindo a totalidade do município. Mesmo dentro da flona, existe a região de castelo dos sonhos, onde existem pequenos produtores, que não estamos atingindo. Afinal de contas, o desmatamento não é uniforme, ele tem pontos de concentração.Em função disso, qualquer coisa que agente faça na área, ocorre este distúrbio, que não parte das pessoas, vem de cima pra baixo. Então, se você fiscalizar uma unidade ou 100, a reação é sempre igual, pois você está atingindo o grupo econômico que tem esta capacidade de mobilização popular.Amazônia.org.br - É possível saber exatamente quem são as pessoas?Tavares - Sim, perfeitamente, nós temos isso mapeado.
Amazônia.org.br - Existe no local uma atmosfera ameaçadora? Houve alguma ameaça concreta à equipe?
Tavares - Existe uma atmosfera ruim de trabalho em função desta possibilidade de um constante de conflito. A equipe que está aqui é preparada para isso. Conflito é uma coisa que o Ibama vive diariamente, pois a questão ambiental é sempre um conflito entre interesse econômico e desenvolvimento sustentável. Em função disso, tanto os militares como os próprios servidores do Ibama tem esta visão e este hábito de trabalhar em condições como esta.O Ibama não está intimidado. Estas ameaças são sempre feitas de forma indireta, apesar de ser uma região em que existe uma forte "pistolagem". Em campo, numa operação da polícia aqui foram presos mais de 20 pessoas nesta situação. Mesmo com nossa presença e com toda a polícia aqui, está havendo uma grande quantidade de homicídios e emboscadas vinculados a conflitos de terra na região. Agora, alguns de nossos denunciantes foram ameaçados diretamente.


Amazônia.org.br - O que pode combater esta defesa da ilegalidade pelo poder local?


Tavares - O que existe é que a coordenação toma todas as providências com relação a isto. Tanto nosso modo de operação aqui na região, como o tratamento de inteligência, tem conseguido anular toda a movimentação de pressão política, bem como as tentativas mais violentas de intimidação.Temos conseguido informações dos casos antes que eles aconteçam, então temos conseguido neutralizar esta movimentação. Estamos conseguindo fazer movimentos antecipados. Mas é sempre em uma situação de pressão. Até porque, como um órgão do governo federal, temos que agir dentro da lei, coisa que o criminoso não faz.




Amazonia.org.br - Estas situações acabam criando um receio do fiscal ir a campo realizar seu trabalho?


Tavares - Não porque temos uma metodologia de trabalho. Neste tipo de situação modificamos as ações, o número de pessoas, o tipo de armamento, a disposição da segurança com a PM, a composição das equipes, tudo isto é passado antes. Então hoje os ficais trabalham com um bom nível de segurança. Também estamos com um grupo de fiscais muito experientes aqui, com um pessoal que já trabalhou na Amazônia e passou por várias situações como esta.




Amazonia.org.br - Atualmente a operação continua em andamento?


Tavares - Continua, o que houve no momento é parada da notificação do gado, pois estamos aguardando com o Instituto Chico Mendes (ICMBIO) com relação ao termo de compromisso que deverá ser assinado com as pessoas que estavam na Flona antes da criação da unidade.Este termo de compromisso vai redirecionar a ação do Ibama. Ele, em tese, garantiria a manutenção do rebanho na posse até a indenização ou redefinição da Flona. Este termo acobertaria o gado e não poderíamos notificar a retirada. Estamos esperando isso pois é o maior ponto de pressão hoje no município.

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